Afinal, é seguro usar película aderente? Especialistas clarificam e alertam para cuidados

A película aderente, um elemento comum em cozinhas por todo o mundo desde há décadas, continua a ser considerada segura e eficaz para o armazenamento de alimentos. No entanto, especialistas alertam para alguns cuidados importantes a ter, especialmente no que diz respeito à exposição ao calor e ao impacto ambiental.

O HuffPost reuniu a opinião de vários especialistas, incluindo um cientista alimentar e um advogado especializado em doenças transmitidas por alimentos, para esclarecer se o uso continuado deste produto é recomendado à luz das preocupações contemporâneas com saúde e sustentabilidade.

Vedação eficaz e conservação em frio
Segundo Bryan Quoc Le, cientista alimentar e fundador da consultora Mendocino Food Consulting, a película aderente feita com polietileno de baixa densidade (LDPE) continua a ser uma solução bastante eficaz para preservar alimentos.

“A película aderente é capaz de produzir uma vedação estável e apertada nos recipientes, reduzindo a entrada de partículas e oxigénio. Isto ajuda a manter os alimentos frescos por mais tempo, desde que não haja contaminação entre o momento da preparação e o armazenamento”, explicou Le ao HuffPost.

O especialista sublinha que a película funciona particularmente bem em ambientes frios, como frigoríficos e congeladores. Em temperaturas baixas, a aderência melhora e a eficácia aumenta.

“A película aderente é mais eficaz em baixas temperaturas. Pode estender a frescura dos alimentos por um a dois dias à temperatura ambiente, três a quatro dias no frigorífico e vários meses no congelador, desde que o contacto com o ar seja mínimo”, acrescenta.

Uso a quente exige atenção
Apesar das vantagens no armazenamento a frio, o uso da película aderente no micro-ondas deve ser feito com precaução. A mudança de composição – nomeadamente, da utilização anterior de PVC para o atual LDPE, mais seguro – reduziu os riscos, mas não eliminou completamente os perigos associados ao calor.

A Associação Americana de Osteopatia (AOA, na sigla em inglês) recomenda que se verifique sempre se a embalagem da película indica que é segura para micro-ondas. Caso contrário, existe o risco de libertação de químicos para os alimentos.

“É essencial manter pelo menos uma polegada (cerca de 2,5 cm) de distância entre a película e os alimentos durante o aquecimento”, aconselha a AOA.

Nem toda a película pode ser reciclada — mas há alternativas
Embora a película aderente não seja, em geral, reciclável através dos sistemas de recolha doméstica, muitas cadeias de supermercados e lojas de retalho oferecem pontos de recolha para reciclagem de plásticos finos.

A organização America’s Plastic Makers, composta por profissionais das ciências e engenharia dedicados à sustentabilidade dos plásticos, afirma:

“Existem milhares de lojas e centros de recolha que aceitam película plástica para reciclagem. Estes pontos recolhem tanto do consumidor como das embalagens usadas internamente, sendo o plástico depois transformado em novos produtos.”

Apesar disso, o impacto ambiental da película aderente continua a suscitar preocupações, levando muitos consumidores a procurarem alternativas mais sustentáveis.

Opções reutilizáveis e ecológicas
Jason Reese, advogado na firma Wagner Reese, especializada em lesões pessoais e doenças alimentares, destaca que as alternativas reutilizáveis estão a ganhar espaço nas cozinhas conscientes.

“Sacos de silicone de grau alimentar são uma alternativa mais segura e reutilizável às películas descartáveis”, aponta.

Além dos sacos, tampas de silicone que se ajustam a recipientes e formas também oferecem uma alternativa durável e resistente ao calor. De acordo com estudos da Universidade Estatal de Iowa, o silicone de grau alimentar é seguro e não liberta compostos perigosos mesmo sob temperaturas extremas.

Outra solução em crescimento é o uso de panos revestidos com cera de abelha. A Universidade da Califórnia (UCANR) descreve-os como uma alternativa ecológica, destacando que se decompõem naturalmente ao contrário das películas plásticas.

No entanto, há limitações: “Os panos de cera não devem ser usados com carne crua ou alimentos quentes, pois o calor pode derreter a cera, comprometendo a sua eficácia e segurança.”

O consenso entre especialistas é que a película aderente continua a ser uma ferramenta útil e segura para o armazenamento de alimentos, sobretudo em frio. Ainda assim, não deve ser usada indiscriminadamente, especialmente em contacto com calor ou como substituto permanente de soluções mais sustentáveis.

O equilíbrio entre conveniência, segurança alimentar e responsabilidade ambiental é possível — mas exige escolhas conscientes por parte dos consumidores.








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