Soft? Nem por isso. Estas skills são tudo menos leves
Por Leticia Gonzalbez, Chief Brand & Communication Officer da Sesame
As competências têm evoluído ao longo do tempo. Quando éramos crianças, a principal “habilidade” valorizada era a capacidade de estar quieto e calado. No entanto, cedo percebemos que o sucesso – tanto na vida como no trabalho – depende de um conjunto muito mais amplo de competências. Durante anos, as hard skills dominaram o mercado de trabalho: ser um especialista numa determinada área era suficiente para garantir um lugar de destaque. Hoje, com as novas tecnologias a assumirem um papel cada vez maior, o verdadeiro diferencial competitivo reside no fator humano. E é aqui que surgem as soft skills.
A comunicação, a empatia, a resiliência e o pensamento crítico são agora as habilidades que distinguem profissionais e definem o sucesso das empresas. Estas já não procuram apenas especialistas técnicos, mas sim pessoas que saibam colaborar, resolver problemas, gerir emoções e adaptar-se às constantes transformações do mercado. E, ao contrário das hard skills, este tipo de competências não são adquiridas com um curso ou uma certificação. Aliás, a distinção entre hard e soft skills nunca foi tão subtil. Vejamos a resolução de problemas: à primeira vista, parece ser uma competência transversal, mas, para resolver algo de forma eficaz, é fundamental dominar a comunicação, saber interpretar diferentes perspetivas e gerir expectativas — aspetos que envolvem tanto qualificações técnicas como comportamentais. O mesmo acontece com a gestão de emoções, que exige uma comunicação cuidadosa e assertiva, compreender os próprios sentimentos, mas também saber como expressá-los.
Perante esta realidade, as organizações estão a repensar as suas estratégias de formação e desenvolvimento. Perceberam que ensinar competências técnicas não basta e que é essencial capacitar os colaboradores para trabalharem melhor em equipa, lidarem com a mudança e desenvolverem uma mentalidade de crescimento. Em 2025, as aptidões interpessoais serão tão ou mais importantes do que as técnicas, independentemente da área de atuação ou geração a que pertencem os profissionais.
A Geração Z, por exemplo, valoriza a flexibilidade, o propósito e o crescimento profissional. Para os atrair e reter, é imprescindível criar ambientes de trabalho inclusivos, dar feedback contínuo e apostar em planos de desenvolvimento personalizados. Os Millennials (Geração Y), que já ocupam grande parte dos cargos de liderança, procuram desafios constantes e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, respondendo bem a modelos de trabalho híbridos e culturas empresariais inovadoras.
A Geração X, por outro lado, valoriza a estabilidade, a transparência e a autonomia. A sua experiência e abordagem estratégica fazem deles peças fundamentais para a transmissão de conhecimento dentro das equipas. Programas de mentoring e gestão participativa são estratégias eficazes para manter o seu envolvimento e incentivar a sua adaptação às novas tecnologias. Por fim, os Baby Boomers, muitos deles em transição para a reforma, têm um compromisso e ética profissional decisivos para a construção de uma cultura organizacional sólida, pelo que continuam a desempenhar um papel importante no mercado de trabalho.
Esta diversidade de características é uma das principais forças do mercado de trabalho atual. As organizações são compostas por pessoas de diferentes gerações e experiências e, a meu ver, é nessa colaboração intergeracional que reside a chave para o sucesso. A troca de conhecimentos e experiências entre as várias gerações, não só fortalece as relações de trabalho, como também impulsiona o crescimento de todos os envolvidos. Para que isso seja possível, é fundamental reconhecer as particularidades de cada membro da equipa, valorizar as suas competências e fornecer as ferramentas necessárias para que possam dar o seu melhor.
Para tal, e se as empresas querem estar preparadas para o futuro, devem apostar no desenvolvimento de cinco grandes dimensões das soft skills: o envolvimento com os outros, que inclui competências como comunicação assertiva, capacidade de influenciar e trabalho em equipa; a qualidade das relações, ao promover um ambiente baseado na confiança, no respeito e na empatia para equipas mais saudáveis e produtivas; a autogestão e foco, ao fomentar a organização e disciplina para gerir tempo e prioridades; a criatividade e pensamento crítico, para resolver problemas de forma inovadora e adaptar-se às novas exigências do mercado; e por fim, mas não menos importante, a resiliência emocional, de forma a que os colaboradores saibam lidar com desafios, frustrações e mudanças inesperadas para manter a motivação e estabilidade no trabalho.
As empresas que compreendem a importância destas competências e apostam no seu desenvolvimento estarão, sem dúvida, um passo à frente na construção de um futuro laboral mais humano.