O ser humano não foi desenhado para estar sentado!

Por Álvaro Lopes-Cardoso, Fundador e CEO da UPNDO

A saúde no local de trabalho não é um luxo – é uma necessidade básica e um benefício para as empresas. Todos passamos demasiado tempo sentados atrás de um ecrã e a verdade é que o ser humano não foi desenhado para estar sentado o dia inteiro, mas sim para se mover.

Durante muito tempo, programas de saúde e bem-estar foram vistos como um “extra” no pacote de benefícios das empresas, mas hoje sabemos que investir na saúde dos colaboradores é uma decisão estratégica com impacto direto na produtividade, retenção de talento e nos resultados financeiros das empresas.

Estudos de instituições como a Harvard Business School e a Johnson & Johnson demonstram que cada euro investido em saúde e bem-estar no local de trabalho pode gerar um retorno médio de 19 euros, pois tem um impacto direto nas faltas por doença e na capacidade de concentração dos colaboradores. A chave para o sucesso não está apenas em oferecer ginásios gratuitos ou consultas ocasionais com um psicólogo – está na criação de uma cultura empresarial que incentive hábitos saudáveis de forma contínua e realista.

Muitas empresas cometem o erro de acreditar que bem-estar corporativo significa colocar todos os colaboradores no ginásio quatro vezes por semana ou fazer com que todos sigam uma dieta rigorosa. A realidade é que isso não funciona. O segredo está em introduzir hábitos simples, fácies de adotar, que sejam inclusivos e que envolvam todos os colaboradores para que estes realmente os integrem no dia a dia.

Refiro-me, por exemplo: 1) pausas ativas, onde os colaboradores são incentivados a levantarem-se da secretária pelo menos uma vez por hora para alongar ou caminhar, o que pode reduzir dores musculares e melhorar a concentração; 2) reuniões ativas, pois não precisamos estar sentados numa sala, inclusive, reuniões em movimento ajudam a diluir o stress e acabam por ser menos confrontacionais; 3) competições saudáveis entre equipas, como um desafio de passos semanais ou de hidratação, gera envolvimento e um espírito positivo; 4) ambientes de trabalho mais saudáveis, como disponibilizar opções de snacks saudáveis, melhorar a iluminação e reduzir o excesso de ruído.

O trabalho remoto também tem um papel fundamental na promoção de hábitos mais saudáveis. Ao reduzir o tempo gasto em deslocações, os colaboradores ganham mais tempo para integrar atividades físicas no seu dia, fazer pausas para relaxamento e ter uma alimentação mais equilibrada. Empresas que adotam modelos remotos permitem que os trabalhadores tenham um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, reduzindo o stress e aumentando a produtividade.

As empresas que priorizam a saúde dos seus colaboradores veem benefícios diretos nos seus resultados financeiros. Dados mostram que trabalhadores saudáveis são mais produtivos, faltam menos e têm menor probabilidade de sair da empresa. De acordo com a Harvard Business Review, programas eficazes de bem-estar podem reduzir as baixas médicas em até 25% e aumentar a produtividade em 15%. Além disso, empresas que investem na saúde física e mental dos seus colaboradores registam menores taxas de rotatividade, reduzindo custos com recrutamento e formação de novos funcionários.

A nova geração de talentos valoriza cada vez mais empresas que colocam o bem-estar como prioridade. Modelos de trabalho flexíveis, cultura de respeito pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional e incentivos para hábitos saudáveis tornaram-se fatores decisivos na escolha de onde trabalhar. O futuro do trabalho não será definido apenas pela tecnologia ou pelos modelos híbridos, mas sim pela forma como as empresas cuidam das pessoas que fazem parte delas.

O desafio é claro: que pequenas mudanças se podem implementar no local de trabalho para o tornar mais saudável?  Investir no bem-estar não é um custo, mas sim o melhor investimento que uma empresa pode fazer.

 


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