Lua cheia de junho será a mais baixa no céu em décadas. Saiba o porquê do fenómeno

A Lua cheia de junho de 2025 vai apresentar um fenómeno raro e espetacular: será a mais baixa no céu em várias décadas, especialmente para quem observa do hemisfério norte. Esta peculiaridade é consequência de um ciclo astronómico pouco conhecido — o chamado Standstill lunar — e representa um momento especial para astrónomos amadores e entusiastas da observação celeste.

De acordo com o astrónomo David Dickinson, do Universe Today, esta Lua cheia — prevista para a noite de 10 para 11 de junho — marcará o auge de um ciclo que ocorre apenas de 18,6 em 18,6 anos, conhecido como Major Lunar Standstill. Neste período, a órbita da Lua atinge os seus extremos máximos em declinação, podendo variar entre 28,65° a norte e a sul. Essa variação resulta da soma da inclinação da órbita lunar (5,15° em relação à eclíptica) e da inclinação do eixo da Terra (23,5°).

Em dezembro passado, no auge do inverno do hemisfério norte, assistiu-se à chamada “Lua cheia da longa noite”, quando a Lua se elevou mais alto no céu noturno do que em qualquer outro ponto nas últimas duas décadas. Agora, a situação inverte-se: a Lua encontra-se no seu ponto mais a sul, permitindo ao hemisfério sul assistir ao seu próprio espetáculo celeste, com a Lua cheia a erguer-se alta nos céus de junho.

Esta Lua cheia, também conhecida como “Lua do Morango”, ocorre apenas dez dias antes do solstício de junho, marcando o início do verão no norte e do inverno no sul. Nos países a norte do círculo polar ártico, como o Alasca, a Gronelândia ou a Islândia, a Lua poderá nem sequer nascer. Já no hemisfério sul, a Lua iluminará intensamente as noites, numa posição elevada no céu, à semelhança do que aconteceu no norte em dezembro.

A influência do Major Lunar Standstill vai além do aspeto visual. Estruturas antigas como as pedras de Callanish, na Escócia, construídas durante a Idade do Bronze, estão alinhadas com o nascer e o pôr da Lua neste tipo de evento, evidenciando que civilizações antigas já compreendiam e valorizavam este ciclo lunar a longo prazo.

Junho reserva ainda outros momentos de interesse astronómico. A 6 de junho, a Lua ocultará a estrela Spica para observadores na Tasmânia e no sul da Nova Zelândia. Já a 10, ocultará Antares para a Austrália e Nova Zelândia. Estas ocultações iniciam um período raro em que três das quatro estrelas de primeira magnitude que a Lua pode ocultar se alinham com a sua trajetória — apenas Aldebaran fica de fora desta sequência.

Para os observadores em Portugal e noutros pontos do hemisfério norte, esta será uma excelente oportunidade para testemunhar um fenómeno invulgar. Se o céu estiver limpo, recomenda-se observar a posição extremamente baixa da Lua no horizonte sul, seja a partir de um jardim, de um terraço ou de uma colina. Como recorda Dickinson, cada local de observação é, por si só, um pequeno observatório pessoal.

Apesar de, por vezes, os astrofotógrafos lamentarem a intensidade da luz lunar, a verdade é que a Lua continua a oferecer ensinamentos valiosos sobre a mecânica celeste — e, neste caso, proporciona um espetáculo raro que não se repetirá até meados da década de 2040.








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