Israel proíbe navio com Greta Thunberg a bordo de atracar em Gaza
O governo de Israel confirmou que o navio Madleen, que transporta 12 ativistas pró-palestinianos — incluindo a conhecida ativista climática Greta Thunberg — não será autorizado a atracar na Faixa de Gaza. A informação foi avançada por uma fonte sénior da Defesa ao The Jerusalem Post, indicando que a decisão foi tomada pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) e que novas deliberações poderão ser anunciadas na quinta-feira pelo ministro da Defesa, Israel Katz.
A embarcação, organizada pela Freedom Flotilla Coalition, partiu do porto italiano de Catânia, na Sicília, no domingo, 1 de junho, com destino à costa de Gaza, transportando ajuda humanitária essencial.
Ajuda humanitária bloqueada por “razões de segurança”
Inicialmente, as autoridades israelitas ponderaram permitir a chegada do navio, depois de uma avaliação de segurança não ter identificado qualquer ameaça direta. No entanto, segundo o canal público israelita KAN, essa posição foi entretanto revertida, e Israel decidiu manter o bloqueio, recusando a aproximação do Madleen.
“Se permitíssemos a atracagem, os ativistas ficariam retidos em Gaza e abrir-se-ia um precedente que poderia pôr em causa o bloqueio marítimo”, explicou a fonte citada pelo Jerusalem Post.
A bordo do navio segue um carregamento de ajuda humanitária composta por leite em pó para bebés, fraldas, farinha, arroz, filtros de água, produtos de higiene e equipamento médico. A missão pretende chamar a atenção internacional para a grave crise humanitária em Gaza, agravada pelo prolongado bloqueio israelita e pelo atual conflito.
Greta Thunberg: “O silêncio é mais perigoso”
Greta Thunberg, uma das vozes mais reconhecidas da juventude em defesa do clima e dos direitos humanos, manifestou-se publicamente antes da partida da embarcação. “Por mais perigosa que esta missão possa ser, não é tão perigosa como o silêncio do mundo perante o genocídio de vidas humanas”, afirmou, citada pela agência Reuters.
Imagens partilhadas nas redes sociais pela organização mostram Thunberg a bordo do Madleen, envergando o colete salva-vidas e rodeada de caixas de mantimentos. A jovem ativista sueca tem sido uma crítica vocal da ofensiva israelita em Gaza, classificando as ações militares como “crimes contra a humanidade”.
IDF garante prontidão para atuar no mar
Em conferência de imprensa, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, brigadeiro-general Effie Defrin, confirmou a prontidão militar para enfrentar qualquer tentativa de quebra do bloqueio. “As IDF estão preparadas para atuar em todas as frentes, incluindo a marítima”, declarou, acrescentando: “Agiremos em conformidade.”
O navio deverá chegar ao largo da costa de Gaza nos próximos dias, embora não tenha sido divulgada uma data exata para a sua aproximação. Espera-se que o Ministério da Defesa israelita forneça instruções adicionais até ao final da semana.
Israel mantém um bloqueio marítimo à Faixa de Gaza desde 2007, justificando a medida com a necessidade de impedir o contrabando de armas para grupos armados como o Hamas. Diversas organizações internacionais e defensores dos direitos humanos têm criticado esta política, alegando que contribui para a degradação humanitária da região e constitui uma forma de punição coletiva.
A Freedom Flotilla Coalition, composta por organizações da sociedade civil de vários países, tem organizado ao longo dos anos várias missões com o objetivo de romper simbolicamente o bloqueio e entregar ajuda humanitária diretamente à população de Gaza. Em 2010, uma operação semelhante resultou num confronto mortal entre comandos israelitas e ativistas a bordo do navio Mavi Marmara, que deixou nove mortos.
A nova decisão de Israel promete reacender o debate internacional sobre a legitimidade do bloqueio e o tratamento dado a missões humanitárias. Até ao momento, não há indicações de que o Madleen vá alterar a rota ou desistir da missão.