Irão acelera ritmo de produção de urânio enriquecido e está perto de atingir os 90% necessários para fabricar arma nuclear
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) revela num relatório exaustivo conhecido este sábado que o Irão acelerou o ritmo de produção das suas reservas de urânio enriquecido a 60%, um limiar próximo dos 90% necessários para fabricar uma arma nuclear.
O total era de 408,6 quilos em 17 de maio, um aumento de 133,8 quilos nos últimos três meses (contra um aumento de 92 quilos no período anterior).
O relatório, classificado como “confidencial”, é citado pelas agências noticiosas AFP, AP e EFE.
Embora não tenha “indicações credíveis de um programa nuclear estruturado não declarado no Irão”, a AIEA está “preocupada” com as repetidas declarações de antigos altos funcionários iranianos segundo as quais o Irão possui plenas capacidades de armamento nuclear.
“O Irão, em várias ocasiões, não respondeu ou não forneceu respostas tecnicamente credíveis às perguntas da Agência e limpou” os locais, “o que dificultou as atividades de verificação da AIEA em três locais não declarados, nomeadamente Lavisan-Shian, Varamin e Turquzabad, escreve o organismo da ONU.
Embora o Irão continue a cooperar com a AIEA em questões relacionadas com a aplicação de salvaguardas de rotina (controlos), noutros aspetos, a sua cooperação “tem sido menos do que satisfatória”, lê-se no documento.
Além disso, os contactos com o Irão, incluindo a alto nível, alguns dos quais recentes, em 28 de maio, “não permitiram até agora que a Agência recebesse respostas tecnicamente credíveis do Irão sobre materiais nucleares” em vários locais do país, citando especificamente Lavisan-Shian, Varamin e Turquzabad.
É por esta razão que o diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi, reitera um “apelo urgente” ao Irão para que coopere plena e eficazmente com a Agência.
O relatório exaustivo de 22 páginas, que analisa as inspeções realizadas no Irão nos últimos anos, foi entregue este sábado aos Estados-membros do Conselho de Governadores da AIEA antes da sua próxima reunião, que terá início em 9 de junho em Viena, sede da Agência.
O Conselho, o órgão executivo da agência nuclear, pode remeter as críticas da AIEA para o Conselho de Segurança da ONU em Nova Iorque, que poderia, por sua vez, restabelecer as sanções contra a República Islâmica no âmbito do acordo nuclear de 2015, cuja reativação os EUA e o Irão estão a negociar há várias semanas.
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