Mísseis balísticos com ogivas atómicas de até 1.000 kg: Arsenal nuclear da Índia e do Paquistão está entre os 10 maiores do mundo

A já frágil estabilidade geopolítica do sul da Ásia conheceu um novo abalo nas últimas semanas, após a morte de 26 turistas hindus na região indiana da Caxemira, no mês passado. O ataque, atribuído por Nova Deli a grupos terroristas com base no Paquistão, desencadeou uma resposta aérea da Índia contra alegadas infraestruturas terroristas em território paquistanês. Islamabad reagiu de imediato, considerando o ataque um “ato de guerra”, prometendo vingança.

Trata-se do confronto mais grave entre os dois países desde fevereiro de 2019, quando um ataque terrorista levou à intervenção direta da Índia em território paquistanês. Na altura, os EUA alertaram para a possibilidade de uma escalada com implicações nucleares.

Índia e Paquistão possuem arsenais nucleares semelhantes, com cerca de 170 ogivas cada, segundo o Bulletin of the Atomic Scientists. Ambos os países têm vindo a expandir significativamente as suas capacidades, e estima-se que possam ultrapassar as 200 ogivas até ao final da década, revela o ‘El Español’.

Do lado paquistanês, o míssil balístico Shaheen-II (Hatf-6), com alcance entre 1.500 e 2.000 km, destaca-se como peça-chave da capacidade de segundo ataque. Desenvolvido desde os anos 2000 e operacional desde 2014, o Shaheen-II é capaz de transportar uma ogiva nuclear ou convencional de até 700 kg, com um sistema de navegação de alta precisão. No passado mês de agosto, foi realizado com sucesso mais um teste deste míssil, segundo o Ministério da Defesa do Paquistão.

Além do Shaheen-II, o Paquistão desenvolve sistemas mais avançados, como o Shaheen-III (alcance superior a 2.500 km) e o Ababeel, capaz de transportar múltiplas ogivas com reentrada independente (MIRV), aumentando a sua eficácia contra defesas antimísseis.

A Índia também tem vindo a reforçar as suas capacidades estratégicas. Entre os oito sistemas com capacidade nuclear, o Agni-IV é atualmente o principal míssil balístico de médio alcance (até 4.000 km), desenvolvido pela Organização de Investigação e Desenvolvimento de Defesa (DRDO). Com capacidade para transportar até 1.000 kg de carga útil, o Agni-IV incorpora sistemas de navegação avançados e proteção térmica para resistir a temperaturas superiores a 4.000 ºC durante a reentrada.

Nova Deli trabalha ainda no desenvolvimento do Agni-V, um míssil balístico intercontinental (ICBM) com alcance superior a 5.000 km. A primeira prova de voo com tecnologia MIRV foi realizada com sucesso no ano passado, permitindo que um único míssil transporte várias ogivas, cada uma com destino próprio.

A crescente sofisticação dos arsenais e a retórica hostil entre os dois países reacendem os receios de um conflito aberto. Apesar da dissuasão nuclear ter funcionado como travão em confrontos anteriores, analistas alertam que um erro de cálculo pode ter consequências devastadoras.






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