Há cada vez mais portugueses a contratar seguros de saúde “devido à insatisfação com o SNS”. SAMS alerta para maior pressão sobre os recursos e encargos

Há mais de 300 portugueses por dia que subscrevem um seguro de saúde, segundo dados da Segurdata, plataforma da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), que apontaram que, ao longo de 2024, houve mais 118.011 pessoas abrangidas pela proteção na saúde, catapultando para um total de 3,7 milhões, o que representou um aumento de 3,3% em apenas um ano.

Assim, em 2024, houve mais 71.798 pessoas cobertas por um seguro de saúde individual, mais 4,4%, num total de 1,7 milhões: já os seguros de saúde de grupo garante cobertura a mais de 2 milhões de pessoas, sendo que houve mais 46.213 só em 2024, um aumento de 2,4%.

De acordo com o Observatório dos Seguros de Saúde da ASF, a falta de acesso ao SNS (Serviço Nacional de Saúde) é o principal motivo que tem levado os portugueses a contratarem seguros privados. Mas qual é a realidade do SAMS? Tem a palavra Paulo Gonçalves Marcos, presidente do SNQTB (Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários), em entrevista exclusiva à ‘Executive Digest’.

1. O que pode estar a motivar este maior entusiasmo dos portugueses pelos seguros de saúde? Pode dever-se apenas aos problemas no SNS, como foi apontado pelos dados da Segurdata?

Os dados do Observatório dos Seguros de Saúde da ASF apontam para uma crescente insatisfação dos cidadãos com o desempenho do SNS, o que tem motivado uma maior procura por soluções que reforcem a sua segurança no acesso à saúde.

É importante, contudo, distinguir entre alternativas e complementos. No caso do SNQTB Saúde, falamos de um subsistema que atua como complemento ao SNS, nunca como substituto. O nosso objetivo é apoiar os bancários e seus agregados numa lógica de articulação com o sistema público, garantindo-lhes maior previsibilidade e acesso atempado aos cuidados de que necessitam, sobretudo em áreas onde o SNS enfrenta constrangimentos.

2. Em particular na rede SAMS, qual é o atual panorama? Regista-se o mesmo entusiasmo geral por novas soluções de saúde?

Também no âmbito do SNQTB Saúde temos vindo a assistir a um aumento significativo da procura. Este acréscimo reflete-se não só numa maior pressão sobre os recursos, mas também nos encargos partilhados entre a nossa estrutura e os próprios beneficiários. Esta realidade exige de nós uma gestão rigorosa e sustentável.

Importa reforçar que os subsistemas como o nosso foram concebidos para complementar o SNS — não para o substituir. O crescente recurso a entidades privadas como alternativa principal ao SNS levanta preocupações sistémicas, que devem ser enfrentadas com responsabilidade política e social. O SNQTB Saúde continuará a afirmar-se como parceiro complementar do SNS, reforçando a coesão e o acesso dos nossos sócios aos cuidados de saúde.

3. O que têm apontado os novos clientes sobre as suas motivações?

Os bancários, à semelhança dos restantes portugueses, valorizam hoje, mais do que nunca, a previsibilidade no acesso aos cuidados de saúde, a qualidade do atendimento e a capacidade de resposta em tempo útil. São essas as razões apontadas por muitos dos novos beneficiários que aderem ao SNQTB Saúde. Temos muito orgulho em afirmar que o nosso subsistema é reconhecido como uma referência no setor bancário. Esta preferência deve-se à solidez do nosso modelo e à confiança gerada por uma gestão de proximidade, orientada para servir, com qualidade e equilíbrio financeiro, em complemento ao SNS.

4. Qual é a percentagem de portugueses que utiliza o SAMS? E tem havido um aumento nos últimos anos na utilização deste recurso?

O SNQTB Saúde serve atualmente cerca de 70 mil beneficiários, número que tem vindo a crescer de forma sustentada nos últimos anos, acompanhando o aumento da nossa base associativa. Este crescimento constitui um claro voto de confiança no trabalho que desenvolvemos.

Num contexto em que o SNS enfrenta desafios relevantes, os bancários têm encontrado no nosso subsistema uma resposta complementar segura e eficaz. Esta preferência não resulta da substituição do SNS, mas da convicção de que é possível construir um modelo articulado, em que o setor mutualista contribui ativamente para a saúde dos cidadãos, em particular dos trabalhadores do setor bancário e suas famílias.








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