Extrema-direita portuguesa organiza treinos de “milícia” com armas de airsoft

O Grupo 1143, ligado à extrema-direita portuguesa e fundado por Mário Machado, tem vindo a intensificar as suas atividades através de treinos de combate simulados com armas de airsoft, uma prática que o próprio grupo admite estar associada à formação de uma “milícia”. Esta evolução foi denunciada por mensagens trocadas em fóruns privados e confirmada por várias fontes, incluindo o responsável de um campo de treinos onde decorreu um dos encontros, segundo noticia o Correio da Manhã.

Estes treinos decorrem sob o pretexto de encontros sociais, como churrascos familiares, mas escondem exercícios paramilitares. Um desses encontros ocorreu a 10 de maio na Quinta do Anjo, em Palmela, e terá reunido cerca de 100 pessoas, entre as quais mulheres e crianças. Apesar de a “batalha” não ter sido publicamente divulgada, o Correio da Manhã apurou que o campo de airsoft utilizado estava licenciado e é gerido por uma equipa ativa. O responsável pelo espaço confirmou a cedência gratuita do local, a pedido de um praticante regular, mas afirmou que só percebeu o envolvimento do Grupo 1143 “quando os foi receber”. Garantiu ainda que a cedência “foi pontual” e que “não se deverá repetir”.

Nas redes sociais, elementos destacados do grupo, como ‘Gil Pantera’, assumido porta-voz da célula do Norte, têm reforçado o discurso de organização de uma milícia nacionalista, replicando modelos já observados noutros países europeus. O grupo sonha mesmo criar o seu próprio campo permanente de treinos, a que chamaram ‘bunker 1143’. Estas ações integram-se num desejo reiterado de “passar à ação”, conforme se lê nas plataformas digitais frequentadas por militantes.

O airsoft tem vindo a ganhar popularidade entre os grupos radicais como ferramenta de treino de combate. A facilidade de acesso às réplicas de armas — que utilizam munições de plástico não letais — tem permitido simular com grande realismo operações militares ou policiais. Segundo o Correio da Manhã, o Grupo 1143 já constituiu pelo menos duas equipas para esta prática.

Enquanto os treinos no terreno se intensificam, o grupo continua a apostar na sua internacionalização. Apesar de o fundador Mário Machado estar preso desde abril para cumprir uma pena de dois anos e quatro meses por discriminação e incitamento ao ódio e à violência, a liderança nomeou o militante Paulo Magalhães para representar o movimento num encontro da extrema-direita ibérica e francesa, marcado para o próximo sábado, 7 de junho, em Gijón, Espanha. O Grupo 1143 ambiciona integrar o circuito europeu destes movimentos, que têm usado eventos de airsoft como pretexto para encontros ideológicos e operacionais.








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