Europeus só têm até hoje para dizer ao Facebook e Instagram que estão contra uso de dados para treinar IA. Veja os passos a seguir
Termina hoje o prazo para os utilizadores europeus do Facebook e Instagram se oporem à utilização dos seus dados pela Meta para treinar sistemas de inteligência artificial. A partir de amanhã, a empresa-mãe das redes sociais passará a integrar publicações públicas de utilizadores europeus nos seus modelos de IA generativa — a menos que estes tenham apresentado formalmente uma objeção.
A medida, anunciada no início de maio, suscitou críticas imediatas por parte de reguladores de proteção de dados em países como a Bélgica, França e Países Baixos, que identificaram falhas nos processos de recolha e utilização de dados por parte da Meta.
Apesar da controvérsia, a empresa mantém a intenção de avançar com o novo modelo já a partir de 28 de maio. “A Meta irá rever os pedidos de objeção de acordo com as leis de proteção de dados relevantes”, limitou-se a declarar a empresa, sem garantir que todos os pedidos serão aceites.
Ao contrário de utilizadores de outras partes do mundo, os cidadãos da União Europeia beneficiam do enquadramento legal do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), que permite a objeção à utilização dos seus dados para este fim.
Para Brittany Kaiser, antiga denunciante da Cambridge Analytica e ativista pelos direitos digitais, os europeus devem aproveitar esta vantagem. “Vocês têm de facto direitos que podem exercer. Não é muito fácil exercê-los, mas é possível. E isso já é uma sorte maior do que a da maioria das pessoas no planeta”, afirmou em entrevista à Euronews Next.
Como exercer o direito de objeção (ainda hoje)
No Facebook:
- Aceda à sua conta e clique no ícone no canto superior direito;
- Vá a “Definições e privacidade” > “Centro de Privacidade”;
- No menu da esquerda, selecione “Como a Meta usa as informações para modelos e funcionalidades de IA generativa”;
- Clique em “Direito de objeção”, insira o seu e-mail e submeta o pedido.
No Instagram:
- No perfil, clique nas três linhas no canto superior direito;
- Vá a “Definições e privacidade” > “Mais informações e apoio” > “Sobre”;
- Entre em “Política de privacidade” e, no topo, clique em “Saber mais sobre o seu direito de objeção”;
- Introduza o seu e-mail e envie o formulário.
Em ambos os casos, deverá receber uma confirmação por e-mail e notificação na aplicação indicando se o pedido foi aceite.
Para quem quiser ir além: aceder e eliminar dados
A ativista Brittany Kaiser defende que quem quiser ter um maior controlo sobre os seus dados pode ir mais longe. “Exerçam os vossos direitos ao abrigo do RGPD e peçam cópias de todos os dados que as empresas guardam sobre vocês”, aconselha.
Depois de obterem esses ficheiros, os utilizadores podem:
- Retirar o consentimento para partilha ou marketing;
- Solicitar a eliminação dos seus dados
Existem modelos de pedidos disponíveis online que facilitam este processo, lembra Kaiser: “As empresas já têm processos em curso e vão enviar-vos os ficheiros com os dados. Podem depois comunicar que não querem que esses dados sejam partilhados com a Meta. Essa é, provavelmente, a melhor forma de impedir o uso dos vossos dados nos modelos da empresa.”
Com o prazo a terminar hoje, os utilizadores europeus que não queiram ver as suas publicações públicas — incluindo textos e imagens — usadas para alimentar a inteligência artificial da Meta têm apenas algumas horas para agir.
A partir de amanhã, dia 28, a Meta poderá começar a integrar os dados dos utilizadores europeus no desenvolvimento de novas ferramentas de IA. Apesar da promessa de respeitar o RGPD, a empresa não se compromete a aceitar todos os pedidos de oposição.
Perante um cenário em que o treino de IA com dados públicos é cada vez mais comum — e juridicamente contestado —, o alerta dos especialistas é claro: quem quiser proteger a sua privacidade digital deve agir agora.