Devido à falta de higiene e água contaminada: Portugal regista recorde de mortes

Em 2023 houve 518 mortes – 57% dos quais em maiores de 85 anos – devido a fontes de água insalubre ou a condições de saneamento e higiene deficientes ou inexistentes, o valor mais elevado desde pelo menos 2010, revelou esta quarta-feira o ‘Jornal de Notícias’: a taxa de mortalidade não pára de aumentar (mais 9,8% face a 2022), estando agora em 4,9 óbitos por 100 mil habitantes.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), 57% dos óbitos dizem respeito a pessoas com mais de 85 anos, seguindo-se a faixa de entre 75 e 84 anos, com 28% das mortes – seis em cada 10 óbitos foram de mulheres.

Estes valores representam quatro vezes mais face a 2010, ano com os primeiros dados disponíveis, quando estava nos 1,1 por 100 mil habitantes.

Em causa estão fontes de água insalubre ou a condições de saneamento e higiene deficientes ou inexistentes, entrando nesta codificação mortes por cólera, febre tifoide, shigelose ou outras infeções intestinais bacterianas, sendo ainda considerados óbitos por doenças parasitárias como a ancilostomíase, ascaridíase ou tricuríase, revelou o jornal diário.

Bernardo Gomes, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, defendeu que a qualidade da água da rede pública em Portugal é “segura”, pelo que o aumento pode ser devido a “uma melhor deteção e codificação das causas”.

No entanto, o hidrobiólogo Adriano Bordalo e Sá acredita que “as situações reais são mais negras”, dado que “os hospitais não têm capacidade para fazer o estudo do agente infecioso”, alertando no entanto que as águas dos poços “que podem, de vez em quando, estar contaminadas”.

No entanto, nem todas as doenças se contraem pelo consumo de água: no caso do “tifo, o agente é uma bactéria – rickettsia – que é transmitida pela picada de inseto e ácaros, e quando as condições de higiene das pessoas são insuficientes, são atacadas por estes animais”. No caso da shigelose, apontou o investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), falamos de bactérias que existem em “água contaminada, em superfícies como corrimões ou escadas”.








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