
Descoberto disco rígido com “imagens doentias” que reforçam tese da polícia de que Maddie McCann está morta
Uma investigação jornalística britânica, a ser transmitida esta noite no canal Channel 4, revela novos detalhes perturbadores sobre Christian Brueckner, principal suspeito no caso do desaparecimento de Madeleine McCann. Entre os indícios mais alarmantes está a descoberta de um disco rígido com imagens que, segundo as autoridades alemãs, reforçam a convicção de que a criança britânica está morta.
O documentário Maddie: The Unseen Evidence, com estreia marcada para as 21h desta terça-feira, expõe material encontrado num complexo abandonado em Neuwegersleben, na Alemanha central, propriedade adquirida por Brueckner por 20 mil libras em 2008 — um ano após o desaparecimento de Madeleine na Praia da Luz, Algarve.
A descoberta das provas terá ocorrido por acaso, em 2016, quando um cão correu para a propriedade e pareceu indicar o local de uma sepultura. Ali, a polícia encontrou o cadáver do cão de Brueckner, mas, enterrada por baixo, estava uma bolsa que continha seis pen drives e dois cartões de memória.
Este material digital revelou imagens altamente perturbadoras, que os investigadores continuam a manter em segredo, mas que, segundo fontes policiais citadas pelo The Sun, foram cruciais para a convicção de que Madeleine McCann terá morrido pouco tempo após o seu desaparecimento, em maio de 2007. As imagens terão sido tiradas em Portugal.
O mesmo local abrigava também um laptop com mais dados comprometedores, bem como objetos inquietantes como brinquedos e roupas de criança, 75 fatos de banho infantis, pequenas bicicletas, máscaras, três armas de fogo de mercado negro e munições.
Histórias fictícias e confissões indiretas
Segundo o The Sun, os ficheiros encontrados incluíam textos escritos por Brueckner onde descrevia, com detalhes, fantasias de rapto e abuso de menores. Numa das histórias, fala de drogar uma mãe e a filha à porta de um infantário; noutra, abusa de uma menina loira de quatro anos.
As autoridades encontraram também registos de chamadas de Skype com outros pedófilos, nas quais Brueckner dizia querer “apanhar algo pequeno e usá-lo durante dias”.
Além disso, foi descoberto um estojo metálico contendo fotografias de raparigas de quatro e cinco anos, bem como uma lista de números de telefone e uma agenda com contactos. A polícia alemã está convencida de que este conjunto de provas demonstra um padrão de comportamento predador, sustentando a tese de que Brueckner poderá ter estado envolvido no desaparecimento de Madeleine.
Provas circunstanciais e movimentações suspeitas
Durante a investigação, as autoridades encontraram também um satélite de navegação (GPS) que permitiu mapear os movimentos de Brueckner na região do Algarve nos anos que se seguiram ao desaparecimento de Maddie. Um dos locais identificados foi a barragem do Arade, a cerca de 55 quilómetros da Praia da Luz — uma zona que voltou a ser alvo de buscas em 2023.
Entre as imagens recolhidas está uma fotografia do suspeito nu nesse local, bem como outras em que aparece a usar máscaras bizarras. A polícia acredita que esta ligação ao local é significativa, tendo em conta o seu comportamento anterior e os padrões de deslocação revelados pelo GPS.
Foi ainda localizada uma apólice de seguro assinada por Brueckner, confirmando a sua presença num festival em Órgiva, Espanha, em abril de 2008. De acordo com o testemunho de Helge B., uma testemunha referida no documentário, Brueckner terá, nessa ocasião, confessado de forma velada o homicídio de Madeleine, dizendo: “Ela não gritou”. A credibilidade deste testemunho tem sido alvo de escrutínio.
Produtos químicos suspeitos e carro suspeito
Durante as buscas à propriedade de Neuwegersleben, as autoridades encontraram um automóvel Jaguar semelhante ao usado por Brueckner na altura. No seu interior, havia garrafas com substâncias que os investigadores não chegaram a testar, mas acreditam poder tratar-se de químicos como clorofórmio ou éter — compostos frequentemente associados a raptos.
Em textos encontrados nos dispositivos apreendidos, Brueckner descrevia o uso de éter em fantasias de sequestro.
Christian Brueckner encontra-se atualmente a cumprir uma pena de sete anos de prisão na Alemanha, por uma violação cometida em Portugal em 2005. Embora nunca tenha sido formalmente acusado no caso Maddie, é o principal suspeito da investigação conduzida pelas autoridades alemãs, que continuam a recolher provas e a analisar os materiais apreendidos.
Apesar de todos os indícios, Brueckner nega qualquer envolvimento no desaparecimento de Madeleine McCann.