“Chega pode crescer do ponto de vista eleitoral até aos 15, 20%”, considera politólogo

“O Chega é um partido populista, não é um partido de extrema-direita clássica, coerente”, considerou o politólogo e investigador António Costa Pinto, em entrevista esta sexta-feira ao ‘Diário de Notícias’, salientando que o partido de André Ventura “pode crescer significativamente do ponto de vista eleitoral”.

“Vai depender muito da capacidade e isso vale a pena salientar porque há limites na maior parte dos casos. Até agora, o sistema partidário português tem resistido bem mas o Chega tem uma margem de crescimento significativo na sociedade portuguesa. É um partido que pode chegar aos 15, 20%”, considerou o especialista.

“O que observamos no Chega é que, por um lado, a figura do seu líder é muito marcante ainda, mas observamos que o Chega explora basicamente toda a panóplia de valores que são expressos por esses partidos de ideologia fina. Não explora aqueles que são menos sensíveis na sociedade portuguesa. Não vale a pena falar de alguns. Agora fala mais de imigração porque a imigração está mais visível, mas não se falava. Não se fala de Salazar porque Salazar não é muito mobilizável politicamente como valor positivo. Portanto, digamos, é aí que podemos dizer que o Chega é um partido populista, não é um partido de extrema-direita clássica”, referiu António Costa Pinto.

Esse crescimento do Chega é sinal de cansaço da sociedade com os partidos tradicionais? “Portugal chegou atrasado a algumas das dimensões de crise da democracia, sobretudo associada à implosão de partidos políticos que dominaram durante 30, 40 anos as democracias. Foi o caso em Itália, que é um laboratório político fascinante para nós, mas enfim, não sei se necessariamente fascinante para muitos segmentos da sociedade italiana, onde assistimos ao desaparecimento do grande partido democrata-cristão, inclusivamente de outros partidos”, referiu o investigador.

“O sistema partidário português nos últimos 50 anos, para o melhor ou para o pior, resistiu muito acima do que muitos previam”, sublinhou, garantindo no entanto que poderá deixar de resistir em breve. “Os sinais estão lá”, finalizou.








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