Bolsa de Lisboa recupera ligeiramente em 2021 com PSI20 a somar 12%
A bolsa de Lisboa recuperou algum terreno em 2021, com índice PSI20 a registar desde o início do ano e até hoje uma valorização de cerca de 12%, apesar da pandemia.
O índice de referência da bolsa de Lisboa, que começou o ano abaixo de 5.000 pontos, voltou a ultrapassar esta barreira e atingiu o seu nível mais elevado no início de novembro, com 5.826,31 pontos. O mínimo do ano foi registado em março (4.648,64 pontos).
“A partir de novembro, o PSI20 começou a inverter a trajetória positiva iniciada no mês de agosto e situa-se agora num nível abaixo do seu valor pré-pandémico, próximo dos 5.500 pontos”, indicou Luís Alves, analista financeiro do Banco Carregosa, num comentário enviado à Lusa.
Segundo Luís Alves, “o desempenho da Bolsa de Lisboa fica aquém das principais congéneres europeias (ficando apenas à frente do índice espanhol)”, o que considera “demonstrativo de alguma fragilidade da economia portuguesa”.
Na sua opinião, o índice “tem sido afetado pelo agravamento da pandemia e pelo surgimento da variante Ómicron do coronavírus, que tem pressionado os governos a agirem no sentido de adotarem medidas mais restritivas, um impacto que se tem feito sentir de forma transversal nas bolsas mundiais”.
Por sua vez, o analista Henrique Tomé, da XTB, considerou que “apesar deste ano ter sido marcado por vários desafios, sobretudo logo no início do ano devido à deterioração da situação pandémica”, é possível “considerar que foi um bom ano para os mercados”.
“As principais bolsas mundiais continuam a recuperar, enquanto os índices norte-americanos continuam a bater consistentemente novos máximos”, apontou.
Os dois analistas destacaram os ganhos alcançados pelos CTT ao longo deste ano no PSI20.
“Dentro das cotadas no PSI20 as ações dos CTT lideram os ganhos e só este ano já valorizaram mais de 80%, enquanto as empresas inseridas no setor da energia e a da construção civil foram as mais afetadas”, indicou Henrique Tomé.
“O pior desempenho foi para as ações da Pharol SGPS que registaram quedas superiores a 30%”, acrescentou.
“A liderar os ganhos no ano estão os CTT”, destacou igualmente Luís Alves, considerando que “em termos de contribuições, tendo em conta o peso que representam no índice, os maiores são os da Jerónimo Martins, CTT e Sonae”.
O analista do Banco Carregosa assinalou que “a composição setorial do PSI20 é dominada por setores relacionados com a energia, banca e retalho, não fornecendo assim exposição a setores com maior potencial de crescimento, como os ligados à tecnologia”.
Em agosto, foi anunciado que a partir de março de 2022 o índice de referência da bolsa de Lisboa deixa de ser PSI20 e passa a ser apenas PSI.
Os ajustamentos na metodologia do índice PSI passam a incluir a determinação de uma dimensão mínima para as empresas que entrarem no índice na altura das revisões trimestrais e anuais e é eliminado o requisito de um número mínimo de cotadas.
Segundo Henrique Tomé, “o facto de o índice começar a englobar menos empresas, faz com que estas se tornem mais competitivas e deve-se esperar uma melhoria no desempenho das cotadas que, por sua vez, refletir-se-á no índice”.
Para Luís Alves, a mudança de designação, de PSI20 para PSI, “pode implicar uma composição do mesmo com maior qualidade, em vez de quantidade, o que será positivo para o desempenho do índice”.